Cidades Futuristas: Como a China Está Construindo os Modelos Urbanos do Século XXI

No coração de um país que abriga mais de 1,4 bilhão de habitantes, a China está redesenhando o que significa viver nas cidades. Com uma mistura de alta tecnologia, planejamento urbano ousado e metas ambientais ambiciosas, o país se tornou um dos maiores laboratórios urbanos do planeta — criando verdadeiras cidades futuristas que podem antecipar o modelo urbano do século XXI.
Entre os projetos mais emblemáticos está Xiong’an, uma nova cidade inteligente planejada a cerca de 100 km de Pequim. Idealizada como um centro de inovação sustentável, ela será completamente abastecida por energias renováveis, terá trânsito totalmente elétrico e será gerida por algoritmos que controlam desde o consumo de água até o tráfego em tempo real. O projeto, apelidado de “cidade do presidente Xi Jinping”, tem como objetivo desafogar a capital e servir como vitrine da urbanização verde e digital chinesa.
Outro exemplo é Shenzhen, que em poucas décadas se transformou de vila de pescadores em uma metrópole com mais de 17 milhões de habitantes e epicentro de tecnologia e inovação. A cidade abriga gigantes como Huawei, Tencent e BYD, e foi pioneira em adotar uma frota de ônibus e táxis 100% elétricos.
As chamadas “cidades-esponja” também mostram como o país alia tecnologia e sustentabilidade. Com sistemas que absorvem e reutilizam a água da chuva, elas reduzem enchentes e melhoram o aproveitamento hídrico. Cidades como Wuhan e Suzhou já contam com bairros inteiros planejados com esse conceito.
No campo digital, sensores, câmeras com inteligência artificial, reconhecimento facial e sistemas de big data fazem parte do cotidiano de várias metrópoles chinesas. Essas ferramentas monitoram o trânsito, previnem crimes e otimizam serviços públicos — embora também levantem preocupações com privacidade e controle estatal.
“O modelo chinês de cidade inteligente é pragmático, ambicioso e baseado em escala. Eles não testam em pequena escala — constroem direto para milhões de pessoas”, observa o urbanista francês Alain Berthier, que estuda as transformações urbanas na Ásia.
A construção de cidades do futuro também está atrelada ao projeto “China Digital” e ao plano de transição ecológica nacional. O governo busca equilibrar o crescimento econômico com responsabilidade ambiental e qualidade de vida urbana, promovendo modais de transporte limpos, espaços verdes, eficiência energética e digitalização completa dos serviços públicos.
Contudo, esse modelo também enfrenta desafios. O rápido crescimento urbano gera pressões sobre moradia, desigualdades regionais e demanda por mão de obra qualificada. Além disso, o excesso de vigilância em algumas regiões levanta críticas por parte de organizações internacionais.
Ainda assim, o esforço da China em reinventar suas cidades mostra que o futuro pode já estar sendo construído — com arranha-céus inteligentes, bairros que respiram sustentabilidade e metrópoles que funcionam como sistemas integrados. Um experimento urbano que o mundo inteiro observa com atenção.
*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicada por Aisha Cohen