Fake News sobre Autismo se Espalham pelo Telegram na América Latina.

A desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) está se alastrando com força em canais e grupos do Telegram na América Latina, preocupando especialistas, famílias e instituições de saúde. A plataforma, conhecida por sua liberdade e baixa moderação de conteúdo, tem sido usada para divulgar teorias infundadas, métodos perigosos e falsas promessas de cura, colocando em risco a vida de pessoas autistas e comprometendo os avanços no entendimento da neurodivergência.
Nos últimos meses, o número de comunidades no aplicativo com conteúdos pseudocientíficos têm aumentado, especialmente aquelas que oferecem “alternativas” terapêuticas sem respaldo clínico. Há relatos de uso de substâncias tóxicas, dietas radicais e recomendações completamente fora do escopo médico. Além disso, circulam ideias conspiratórias que ligam o autismo à vacinação e outras causas já desmentidas por pesquisas internacionais.
Ambiente desregulado e perigoso
Ao contrário de outras redes sociais que contam com mecanismos mais robustos de verificação e combate a fake news, o Telegram oferece pouca ou nenhuma barreira à circulação desses conteúdos. O resultado é uma rede onde desinformação se espalha sem freios, afetando, principalmente, familiares que buscam informações após um diagnóstico recente.
A ausência de moderação abre espaço para influenciadores e figuras sem formação técnica propagarem conteúdos enganosos com linguagem sedutora e promessas irreais. Para pais e cuidadores fragilizados, esses discursos parecem respostas rápidas — mas, na prática, afastam a pessoa autista de cuidados responsáveis.
Preocupação entre especialistas
“Esses grupos iludem e afastam as famílias do que realmente importa: acompanhamento profissional e baseado em ciência. Em vez de apoio, oferecem um caminho perigoso”, afirma o psicólogo e terapeuta comportamental Diego Nogueira.
Organizações de apoio ao autismo e entidades da sociedade civil já se mobilizam para denunciar esses canais, pedindo maior responsabilização da plataforma e atenção por parte das autoridades. O apelo é para que campanhas informativas e de conscientização também cheguem aos espaços digitais menos regulamentados.
Informação como proteção
Diante desse cenário, torna-se ainda mais urgente oferecer informação acessível, confiável e acolhedora. A luta contra a desinformação é, acima de tudo, uma luta pela proteção da dignidade das pessoas autistas e de suas famílias. É preciso reforçar o compromisso com uma comunicação responsável e humanizada — tanto nas redes sociais quanto nos canais oficiais.
Gi Ferro – Viver Autismo
Combatendo o Preconceito com Informação!