A Voz do Povo

Jornal da Família Paulinense
Autismo e Sistema Imunológico: O Que a Ciência Já Sabe Sobre Essa Relação

Nas últimas décadas, os avanços da ciência vêm ampliando o entendimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre os muitos aspectos estudados, um tema que ganha força é a possível ligação entre o autismo e o sistema imunológico. Embora ainda existam mais perguntas do que respostas, as evidências sugerem que questões imunológicas podem desempenhar um papel importante na origem ou nos sintomas do TEA.

Diversas pesquisas apontam que pessoas autistas, especialmente crianças, apresentam uma prevalência maior de condições relacionadas à imunidade, como alergias, doenças autoimunes, inflamações crônicas e alterações em marcadores inflamatórios. Além disso, estudos com mães de crianças autistas identificaram que certas respostas imunes durante a gestação — como infecções ou desregulações inflamatórias — podem estar associadas a um maior risco de desenvolvimento do transtorno.

Imunologia e neurodesenvolvimento: uma conexão complexa

A relação entre o sistema imunológico e o cérebro é mais próxima do que se imaginava. Cientistas já sabem que o processo inflamatório no organismo pode afetar o neurodesenvolvimento, especialmente durante a gravidez e os primeiros anos de vida. Há também hipóteses de que desequilíbrios no intestino — onde se localiza grande parte das células imunes — possam impactar a comunicação entre o sistema digestivo e o cérebro, algo que se observa com frequência em pessoas com autismo.

Contudo, é importante destacar: o TEA não é uma “doença autoimune”, nem pode ser curado ou prevenido por tratamentos imunológicos. A abordagem científica nesse campo é feita com cautela, justamente para evitar interpretações equivocadas ou promessas falsas de cura.

Por que esse tema importa para as famílias?

Compreender que o corpo e o cérebro estão interligados ajuda pais, cuidadores e profissionais da saúde a enxergar o autismo de forma mais ampla. Isso inclui considerar sintomas físicos — como problemas gastrointestinais, alergias e fadiga crônica — como parte importante da experiência autista. Além disso, abrir esse debate contribui para que a ciência avance na busca por estratégias que melhorem a qualidade de vida dos autistas, com cuidado integral e mais empatia.

Conclusão: ciência, cuidado e escuta ativa

A conexão entre autismo e sistema imunológico ainda está em construção, mas já levanta reflexões valiosas sobre como enxergamos o TEA. Mais do que procurar respostas simples, é necessário ouvir as experiências das famílias, acolher as múltiplas dimensões do autismo e continuar investindo em pesquisa, saúde pública e formação profissional.

Porque compreender o autismo não é apenas decifrar o cérebro — é também olhar para o corpo, para o ambiente e para a pessoa como um todo.

Gi Ferro – Viver Autismo
Combatendo o Preconceito com Informação!

Autor

  • Nós somos a Viver Autismo, um movimento dedicado à luta contra o preconceito e à promoção da conscientização sobre o autismo. Desde 2013, temos trabalhado incansavelmente para levar conhecimento e compreensão a todos.

    Ver todos os posts

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.