A Voz do Povo

A corrida espacial ganha um capítulo marcante: em 6 de agosto de 2025, a China completou com sucesso o primeiro teste de pouso e decolagem do módulo lunar tripulado Lanyue (“abraçando a lua”), no centro de testes em Hebei. O ensaio simulou condições reais da superfície lunar — com solo artificial, crateras e rochas — e verificou sistemas de descida, ascensão, sustentação e comunicação do veículo. O feito foi descrito como um “marco crítico” no desenvolvimento do programa espacial tripulado chinês.

O Lanyue é projetado para transportar dois taikonautas (“Taikonautas” é o termo usado para designar os astronautas chineses) entre a órbita lunar e a superfície, servindo como habitat, fonte de energia e centro de dados depois do pouso — uma estrutura essencial para futuras missões tripuladas.

Esse ensaio prepara o terreno para um objetivo maior: colocar os primeiros astronautas chineses na Lua antes de 2030. As ambições também incluem a construção de um protótipo da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS) até 2035, em parceria com a Rússia, com possível uso de reatores nucleares como fonte de energia.

O progresso técnico segue em ritmo acelerado. A China desenvolve o foguete Long March-10, com testes previstos entre 2027 e 2030, que deverá lançar separadamente o módulo tripulado Mengzhou e o pousador Lanyue, com acoplamento em órbita lunar antes do pouso. O sistema conta ainda com teste de escape de emergência, mochilas espaciais e rover lunar em protótipo.

Para especialistas, esse avanço representa não só conquista tecnológica, mas também simbólica. A China sinaliza com isso sua intenção de ocupar a vanguarda da exploração espacial, desafiando a liderança tradicional dos EUA e reafirmando sua presença global. Se bem sucedida, a missão até 2030 elevará o país a um novo patamar no espaço sideral — com olhos atentos ao futuro selenítico. (“Selenítico” é um adjetivo que se refere à Lua. A palavra vem do grego Selene (Σελήνη), que é o nome da deusa da Lua na mitologia grega.)