A Voz do Povo

O Senado Federal aprovou, nesta semana, um projeto de lei que promete ampliar o acesso ao diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos e idosos — um público historicamente invisibilizado pelas políticas de saúde e educação. A proposta, que segue agora para sanção presidencial, inclui o incentivo ao diagnóstico tardio nas diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei Berenice Piana).

Segundo especialistas, a medida representa um avanço significativo na identificação de pessoas que viveram décadas sem compreender as razões de suas dificuldades sociais, sensoriais e de comunicação. Até pouco tempo, o diagnóstico de autismo era quase exclusivamente associado à infância, deixando adultos e idosos fora das estatísticas e sem suporte adequado.

De acordo com o texto aprovado, o poder público deverá adotar ações de capacitação de profissionais de saúde, campanhas de conscientização e protocolos clínicos voltados à identificação do TEA em todas as faixas etárias. O objetivo é reduzir o número de diagnósticos tardios e garantir acompanhamento especializado ao longo da vida.

Organizações da sociedade civil e grupos de apoio ao autismo comemoraram a aprovação. Para eles, reconhecer que o autismo pode ser identificado em qualquer idade é um passo essencial para assegurar inclusão, acolhimento e qualidade de vida.

Especialistas também destacam que o diagnóstico em adultos pode mudar trajetórias: permite que muitos compreendam melhor suas próprias vivências e busquem apoio psicológico e social adequado. A expectativa é que, com a sanção da lei, estados e municípios comecem a adaptar suas redes de saúde e assistência para atender essa nova demanda crescente.

O avanço legislativo marca um momento histórico na luta por visibilidade das pessoas autistas adultas no Brasil — e reforça a importância de enxergar o autismo como uma condição presente em todas as fases da vida.