Juventude Chinesa e Pressão Acadêmica: O Custo Humano da Competição por Excelência

Na China, a busca pelo sucesso acadêmico começa cedo — e não dá trégua. Desde os primeiros anos escolares, milhões de jovens enfrentam uma maratona intensa de aulas, reforços e provas que moldam seu futuro e também afetam sua saúde mental. Em uma sociedade onde a educação é vista como o principal caminho para a ascensão social, o peso da excelência cobra um preço alto.
O ápice dessa pressão é o Gaokao, o temido exame nacional que define o acesso às universidades. Com duração de até nove horas, ele é considerado um dos processos seletivos mais exigentes do mundo. Para se destacar, estudantes chegam a estudar mais de 12 horas por dia, muitas vezes sob o olhar vigilante de pais e professores.
Essa cultura de competição extrema se reflete nas estatísticas: estudos recentes apontam que mais de 75% dos adolescentes chineses relatam sintomas de ansiedade relacionados ao desempenho escolar. Casos de depressão, burnout e até suicídio têm crescido entre jovens do ensino médio, gerando debates sobre os limites desse modelo.
O governo chinês, atento ao impacto social, vem tentando suavizar o cenário. Em 2021, foi anunciada uma reforma que proíbe aulas particulares com fins lucrativos e limita o tempo de estudo extracurricular. A medida visa equilibrar a vida dos estudantes e reduzir desigualdades educacionais, mas gerou polêmica e afetou profundamente o setor bilionário de tutoria no país.
Ao mesmo tempo, movimentos sociais liderados por jovens — como o “tang ping” (deitar e relaxar) — vêm ganhando força. Eles questionam a lógica da hiperprodutividade e defendem uma vida mais simples e equilibrada, em contraste com a pressão de “vencer na vida a qualquer custo”.
A educação chinesa é, sem dúvida, um dos pilares do desenvolvimento do país. Mas o dilema permanece: como manter a excelência sem sacrificar o bem-estar da juventude? A resposta, ainda em construção, pode moldar o futuro de uma geração inteira — e de toda uma nação.